segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Más ideias...

       É só no Domingo que eu e Daniel ficamos juntos durante todo o dia. Um Domingo desses, eu e meu namorado resolvemos levar o Dani para sair. Fomos lanchar no shopping.
       - Moça, eu quero aquele ali, o número 1.
       - Opção double cheddar ou salada?
       - Cheddar por favor.
       - Qual será a bebida?
       - Daniel... Milk shake, suco ou refrigerante?
       - Milk shake!
       - Milk por favor.
      Escolhi o mesmo sanduíche e a mesma bebida para nós três, ansiosa e contente, querendo que a vida fosse bela com todos os seres-humanos sendo intimados a provarem aquela maravilha deliciosa. Para que lembrar do fato de que tinha cheddar e de que a comida estava quente?
       Comi como se fosse o fim do mundo, como se o amanhã não mais fosse chegar. Eu me esqueci do mundo a minha volta e apenas senti aquele maravilhoso sabor adentrando o meu paladar... Até que algo me trouxe de volta. Uma voz vinda do além ou de algum lugar por lá. Ela dizia "Eu preciso de um guardanapo, Bruna!". Olhei para o ser que proferiu essas palavras e ele estava laranja.
       O cheddar escorria por entre seus dedos quase como uma serpente gigante dançando em volta de longas árvores. A boca, enquanto fechada, parecia uma caixa de presentes bem enfeitada e com direito a um laço cor de abóbora envolvendo o que tinha por dentro. Ele sorriu. Foi como se todos os dentes tivessem sido cuidadosamente agasalhados para uma longa temporada de inverno.
     Eu devo dizer, estava suja também, mas o Daniel parecia ter mergulhado em uma piscina de queijo derretido. E ele estava achando aquilo tudo o máximo. Claro que estava. Acreditei que seria uma boa ideia pedir que ele tomasse o milk shake para irmos logo ao banheiro lavar aquele carnaval alaranjado. Mas o milk shake não passava pelo canudo. Foi quando eu percebi que a festa tinha apenas começado.
      O Daniel puxava o líquido com toda a força que seus lábios carnudos tinham, mas aconteceu somente o contrário do que nós três esperávamos. O milk shake não subiu, mas o cheddar - vejam só -, o cheddar começou a descer... Daniel não desistiu até que seu copo estivesse devidamente amassado por suas últimas sugadas. Vocês não podem imaginar a sujeira. 
      Com toda a dificuldade imposta pelo milk shake, eu me esqueci do cheddar. O cheddar, vocês devem saber, seca. Quando o cheddar seca, fede. E, quando fede, não sai mais. 
       Não sei calcular quanto sabão eu usei naqueles dedos compridos, mas me lembro de achar que era o suficiente. Até deixei um pouco de espuma, sabe? Só para garantir.
      Fomos, então, andando até o carro, enquanto o Daniel ria e contava (mais de uma vez) para o Vítor a aventura alaranjada que ele já conhecia, afinal estava lá. Eu estava abrindo a porta quando meus balões cor de rosa da tranquilidade foram brutalmente estourados. O Vítor me perguntou:
       - Amor, tem certeza de que você lavou direito as mãos do Dan Dan?
       - Lavei, ué, por que?
      E ele disse as palavras que mudariam nosso estado de espírito, foi algo próximo de:
       - Porque parece que ele pegou em cocô.
    Minha casa fica a quarenta minutos do shopping e os vidros do meu carro não abrem muto. Tivemos a companhia daquele péssimo odor de cheddar por todo o trajeto. Nunca valorizei tanto um ar fresco que eu pudesse inspirar sem morrer. O Daniel ria. Eu tenho certeza de que ele também não aguentava aquelas mãos tingidas sem solução. Mas para que admitir? Passá-las no cabelo da irmã é  bem mais divertido.

2 comentários:

  1. "- Porque parece que ele pegou em cocô." não aguentei quando cheguei nessa parte... tive que ri...

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  2. Você não aguentaria o cheiro se estivesse presente...

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